domingo, 28 de fevereiro de 2016

Feliz aniversário Mandy


Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde. Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se. 

Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor" 






Mais um ano embalado nesse plano.
Sorrindo.
Chorando.
Festejando.
Vivendo.
Cada dia como se fosse único.
Com seu amor.
Que sua presença continue iluminando.
E que a alegria sempre esteja estampada em seu rosto.
Pois você é linda.
A pescadora que fisgou meu coração.
Feliz aniversário amoreco.

Te amo.


Thiago Mendes

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Vida Off





Acordo cedo para ir ao trabalho.
Pego o ônibus lotado mas incrivelmente quieto.
Pessoas com fones de ouvido.
Sentadas nos bancos sozinhas.
Curvadas em algo.
Um comichão me incomoda.
A vista parece não ser como antes.





No trabalho esforço duro.
Colegas, papéis e chefias.
Amanhã e dia de pagamento.
No refeitório as bocas se cruzam com garfos e facas.
Ainda assim um silêncio percorre as mesas.
Uma náusea me incomoda.
E as pessoas continuam conectadas vidradas.
Com olhares perdidos numa nova história.

Desço da condução. 
A noite preenche as ruas e avenidas.
As lâmpadas acesas iluminam os transeuntes.
E tenho certeza que esqueci de alguma coisa.




Chego em casa cansado.
Mais um dia de labuta.
Depois de banho quarto.
E eis que o vejo amargo.
Berrando como um bebê querendo mama.
Tomada.
Oh Moloch deus das curtidas.
Moloch deus dos zaps.
Moloch dos selfies.
Esquecido num canto escuro ele balbucia sua condenação.
Perdi amigos perdi contatos perdeu o dia.
Menos um dia da minha vida.

Amanhã não posso abandonar meu celular.



Imagens: Morgue File

Vídeo: Trecho do filme Howl com James Franco onde se debruça sobre a vida do grande poeta Beat americano Allen Ginsberg. E sobre seu livro poema Uivo. Recomendo á todos.


Thiago Mendes.






sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Madrugada

William Burroughs com David Bowie



Mais um litro de cachaça.
Eu corro.
Eu faço.
Despacho. Desculpo-me.
Inclino-me.
Consagro-me.
Acho-me.
Mais um litro de pinga.
Eu corro.
Desfaço.
Desfaço-me.
Em puro aço.
Mais um litro de vinho.
Vermute Veneno.
Adubo.
Mudo.
Maduro.
Aturo um porre.
Esporro.
Espirro.
Mais um litro.
Mais um pingo.
de vida. 




Plaz Mendes

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Zumbis







Os zumbis caminham por ai

Com sua anti-mental programação:

Não seja feliz.

Procuro manter a distância;

Usando máscaras de gases

Para não ser infectado.

O universo deles é muito mistificado

Medo e trabalho.

Mantenho distância.

Não quero ser um zumbi.

E perder o poder da vida.

Eles não têm imaginação.

E buscam unicamente

Vencer uns sobre os outros.

O universo deles é uma guerra.

Uso máscaras.

Mantenho distância.

Alguns loucos caminham sem proteção.

Perderam a noção

De como é ruim perder a vida.

Às vezes somos testados

E amigos e parentes se tornam a questão

O coração aperta

Pedindo perdão para todos.

E resistindo mantenho distância.

Para não sofrer de antemão

Procuro em cada irmão

A salvação.

Sempre com fé e imaginação.

Fazendo companheiros de viagem.

Em cada estação.



A arte nos salva da solidão.


Plaz Mendes

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Ashes to Ashes






Antes da primeira dose o mundo é um lugar cinza.
Acinzentado como as crianças escravas que trabalham em carvoeiros. 
Acidentado como os idosos encravados em suas macas.
Depois da primeira dose o corpo gira como um caleidoscópio
Em ousadas direções.
Desejadas intenções. 
Embora estejamos numa cidade tropical.
Quente e congestionada.
Durante as últimas doses nos retiramos do planeta.
Alienados;
Esquecidos;
Entorpecidos;
Depois da última dose a vida é apenas uma lembrança velha.
Sépia; 
De algum parque de diversão.
Palhaços cansados e borrados.
Risos e lágrimas se misturam.
Rios e lagos são poluídos.
Uma criança no televisor chora. 
E implora.
Que tudo queime, queime & queime.
Sobrando apenas cinzas.




Thiago Mendes

Imagem : Morgue File