domingo, 22 de novembro de 2015

Diário de Bordô do Plaz # 4






Não deve ter sido pelas cervejas.

Nem pelas batatas fritas.

Acordei tarde demais para a prova do Enade.

Corri.

Saltei para dentro do ônibus feito de ferro.

Retorcido no calor abrasivo.

Um copo de cerveja, por favor!

Na praça pela janela o culto caminha.

Com canelas cobertas o culto canta.

No meio do caminho desespero.

Uma imagem.

Santa, católica, procissão...

Tráfego.

Talvez.

Trânsito.

Com os braços abertos a estátua sorri.

Eu desesperado aceno meus braços.

Compreendo a mensagem sarcástica divina.

Um copo de cerveja, por favor!

O relógio encurta cada passo.

Enquadra cada pedaço do dia.

Sorrio estou sendo filmado.







Chego aos portões da decepção – tirei essa do ótimo livro de Martins Amis (Campos de Londres) valeu pela dica K – e noto que nada mais pode ser feito.

Apenas flanelas brigando por cada espaço quadrado.

Lágrimas.

Sorrio e acabo tendo um treco.

Explodo.

Pressão alta.

Direto para um hospital.

Atestado funcional.

Sorrio.





Saio do hospital diazepado.

E revendo meus diários concluo que ando ficcionando demais.

Preciso rever meus apontamentos.

Preciso baixar minha pressão.

Preciso de um copo de cerveja, por favor!


Imagens : Morgue File



Plaz Mendes

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