“De fato parece que se sou
obrigado a não fazer mal a meu semelhante, não é tanto porque ele é um ser
racional, e sim porque é um ser sensível, qualidade que, sendo comum ao animal
e ao homem, deve pelo menos dar a um o direito de não ser maltratado inutilmente
pelo outro”
Rousseau*
Vegetarianismo?
Ao pensarmos nele logo vem em mente a ideia de sacrifício em evitar comer carne de animal. Um dia desses uma senhora cristã
afirmou que sua penitência seria ficar sem engolir carne de animal por 40 dias.
Amém!
Contudo o sacrifício não é
nosso, mas sim dos bichos expostos a todo tipo de tortura em nome de um tipo de
vida afirmado como “normal”.
Normal, aqui em aspas,
pois não posso negar-me a enxergar qualquer tipo de exagero por parte dos
produtores ao fabricarem nossa carne de cada dia.
Exageros?
Numa sociedade consumista
e individualista como a nossa, que preza, a pressa nas relações e nos conceitos
chaves.
Suas fábricas acabam
tornam-se verdadeiros infernos.
Manipulação genética.
Matadouros.
Torturas.
Circos.
Zoológicos.
As galinhas expostas
eternamente, ou melhor, ao durarem suas parcas vidas, a luz
artificial.Resultado de uma mais valia ultra produtiva.
Laboratórios lotados de
seres enjaulados em suas próprias pesquisas. Relação produto final e final de
vida. Dos bichos. Ganhamos novos batons, odores caros e ricos em encobrir o
cheiro dos mortos.
Golfinhos presos em
parques divertidos lotados de crianças que notam surpresas como o bicho é
inteligente ao pegar o peixe do seu dono.
Donos,
No passado o homem era
dono de outro homem, sujeitando-se a todo o tipo de exploração.
Objeto de nossos próprios
prazeres.
No passado?
Como ficaremos no futuro?
Comer
ou não carne, eis a questão, porém o importante é ter exata noção do sofrimento
dos animais em nome de muitas coisas sagradas para nós, outras possivelmente
não.
Posso não chamar de fútil
comida aos necessitados.
Mas chamarei de inútil
pele de animais para socialites
Nas palavras de um texto que saiu no Le
Monde Diplomatique:
Talvez nenhum animal
-exceto o ser humano- seja capaz de se reconhecer em um espelho, mas nenhum
humano é capaz de voar ou de respirar debaixo d água sem ajuda. A resposta, bem
entendido, é que nós o proclamamos. Mas não existe razão alguma para concluir
que as características pretensamente exclusivas do ser humano justifiquem o
fato de que tratemos o animal como uma propriedade mercantil. Alguns seres
humanos são privados destas características, e, no entanto, nós não os
consideramos objetos. Por conseguinte, a questão central é: os animais podem
raciocinar? Ou: podem falar? Mas, precisamente:
Eles podem sofrer?
Os abatedouros não têm
paredes de vidro.
Para maiores informações:
http://www.apasfa.org/futuro/right.shtml informações em português
http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/ em português.
http://www.peta.org/ em inglês
O texto do Le Monde
Diplomatique é datado de setembro de 2006 aqui deixo o link para
o ler na integra : http://diplo.uol.com.br/2006-09,a1386
* Essa citação de Rousseau
foi tirada do livro Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre
os homens.
Thiago Mendes
créditos da imagem: http://sensesofcinema.com/2007/great-directors/jodorowsky/
MudraSavra